quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

CPI do Tráfico de Pessoas deve pedir indiciamento de responsáveis por ONG

Fonte: Agencia da Câmara

Comissão ouve novo depoimento de brasileiro que denuncia ter sido levado contra a vontade para os EUA, ainda criança, pela ONG Limiar.
Gabriela Korossy / Câmara dos Deputados
Reunião Deliberativa - Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a investigar o tráfico de pessoas no Brasil, suas causas, consequências e responsáveis no período de 2003 a 2011, compreendido na vigência da Convenção de Palermo. - Marcel Lee Paul
Marcelo, ou Marcel, fala à CPI sobre o processo de adoção que o levou para os EUA.
A Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara dos Deputados que investiga o tráfico de pessoas deverá pedir o indiciamento de representantes da ONG Limiar, acusada de participar de um esquema de intermediação ilegal de adoções de crianças brasileiras por famílias norte-americanas. Com sede nos Estados Unidos e filial na capital paulista, a organização não governamental também atua no Paraná.
Nesta terça (18), a CPI ouviu o relato do brasileiro Marcel Lee Paul, adotado em 1989 por uma família dos Estados Unidos juntamente com a irmã, Raquel. Ambos têm deficiência auditiva e, por volta dos nove anos, perderam-se dos pais na região de Jundiaí, em São Paulo.
Após breve estada em um abrigo, foram adotados de maneira suspeita, segundo Marcel, que, no Brasil, se chamava Marcelo. Os irmãos foram levados para o exterior, mesmo contra a vontade. Marcelo contou à CPI que, à época da adoção, a irmã, Raquel, presenciou a troca de dinheiro entre a mãe adotiva e uma pessoa no Brasil.
Marcelo já tinha sido ouvido no ano passado, em uma missão da CPI aos Estados Unidos. Mas a comissão decidiu trazê-lo ao País para complementar os esclarecimentos.
Indiciamento
Segundo o presidente do colegiado, deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA), a adoção de Marcelo e Raquel está entre as centenas intermediadas pela ONG Limiar com suspeita de ilegalidade.

O deputado diz que há elementos para pedir o indiciamento de representantes da organização. "Nós vamos solicitar o indiciamento, com o rigor que a lei estabelece, para todos os dirigentes da ONG Limiar, que, no nosso entendimento, são os responsáveis por esse processo, essa organização criminosa que trafica crianças, bebês, do Brasil para o exterior.
Jordy lembrou que “essa ONG já praticou esse processo de adoção com mais de mil crianças brasileiras. Não sei se todas com o grau de crime, como no caso do Marcelo e da Raquel."
Com o apoio da CPI, Marcelo encontrou a família biológica em Jundiaí. A comissão trabalha para que ele e a irmã Raquel, que ainda se encontra nos Estados Unidos, possam permanecer definitivamente no Brasil.
Suspeita
O autor do pedido para a vinda de Marcelo à CPI, deputado Fernando Francischini (SDD-PR), suspeita de que a mãe adotiva esteja mantendo Raquel nos Estados Unidos para continuar recebendo seguro pago pelo governo norte-americano a famílias cujos parentes tenham algum tipo de deficiência.

"Só no Paraná e em Santa Catarina, são 355 crianças que eu consegui mapear nas buscas da ONG Limiar que foram levadas aos Estados Unidos e ao Canadá. Por trás de tudo isso, crianças deficientes, sendo adotadas, têm o pagamento pelo governo americano do seguro social", acusa o deputado.
Em depoimentos anteriores à CPI, os representantes da ONG Limiar, Ulisses Gonçalves da Costa e Audelino de Souza, o Lino, negaram irregularidades nas adoções.
A CPI do Tráfico de Pessoas deve encerrar os trabalhos no fim de março.
Reportagem – Ana Raquel Macedo
Edição – Dourivan Lima

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