quarta-feira, 20 de março de 2013

Reportagem Especial: Venda ao PAA garante dignidade a trabalhadores rurais em Barro Preto‏

 
Reportagem Especial: Venda ao PAA garante dignidade a trabalhadores rurais em Barro Preto
 
Trabalhadores rurais do município de Barro Preto, membros da Associação dos Trabalhadores Rurais em Regime de Economia Solidária da Pedra Lascada, realizaram no sábado (16) a entrega de seus produtos na sede da associação, concretizando assim a venda direta ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), do governo federal. Os alimentos foram direcionados, na tarde do mesmo dia, a quatro instituições assistenciais que fazem a distribuição a pessoas carentes na zona urbana do município.
Estaria descrito acima todo o processo que hoje garante renda e dignidade ao trabalhador rural da associação da Pedra Lascada. Mas não é só isso. Ao fazerem a entrega de seus cultivos, os produtores finalizaram um processo iniciado com a conscientização do que é trabalhar sob a perspectiva do associativismo, que passou pelo trabalho conjunto e pela confiança em cada um de seus colegas e líderes da associação, e se concluiu com efetivação da venda ao PAA.
O presidente da associação, Manoelito Vieira Rodrigues, afirma que a parte mais difícil, que seria a conscientização dos trabalhadores quanto ao modelo associativista, tornou-se a mais simples, porque vai além do entendimento de que a Associação da Pedra Lascada mantém um contrato com o governo, de venda de produtos a partir da aprovação de um projeto de aquisição de alimentos, e não sua diretoria.
“Mais que isso, eles têm o discernimento que eles são a associação, e que eles, enquanto associação, é quem estão vendendo seus produtos ao PAA. E mais: que a diretoria da associação apenas faz o repasse do dinheiro do projeto a cada membro. Portanto, o ideal associativista, aqui, funciona”, garante Manoelito.
Não apenas funciona, como chama a atenção de outros municípios da região sul da Bahia, pelo que apurou a reportagem. No sábado, por exemplo, o ‘ritual’ de entrega dos produtos foi acompanhado pelo secretário municipal de Agricultura e pelo chefe do escritório da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agropecuário em Ibicaraí, Danilo Simões e Bernardino Rocha, respectivamente. Também teve o acompanhamento do chefe do Escritório Local da Comissão Executiva do Plano da lavoura Cacaueira (Ceplac) em Coaraci, José Américo, além da secretária de Agricultura de Barro Preto, Izabella Costa.
O objetivo de todos, incluindo as autoridades do próprio município de Barro Preto, foi justamente conhecer o modelo utilizado pela Associação da Pedra Lascada, para replicá-lo em suas localidades ou – no caso de Barro Preto, estimular a expansão, quem sabe fomentando a criação de outras associações.
“Vimos aqui mais do que um simples ato de compra e venda. Vimos a efetivação do objeto do PAA, que é garantir renda e dignidade ao trabalhador rural e, na outra ponta, alimento e dignidade aos beneficiários do programa, tudo intermediado por um processo de administração aberto e transparente na Associação da Pedra Lascada. Era possível ver a alegria nos olhos de cada trabalhador ao entregar seus produtos. Com certeza, queremos levar esse modelo para Ibicaraí”, afirma o secretário Danilo Simões.
Exemplos
O sucesso da Associação da Pedra Lascada talvez se explique pelas histórias de vida de seus associados. Como a de sua secretária, Natiele Santana Rodrigues, que sonhava ser advogada e morar na cidade, por ter vergonha de assumir sua origem rural, mas que hoje cursa Agronomia no Instituto Federal de Educação em Uruçuca, antiga Emarc, e dá aulas de compostagem orgânica para os colegas associados, além de ajudar na organização da entidade.
Outro caso que inspira a todos que a conhecem é o da viúva Genilsa Rita dos Santos, 54 anos. Sozinha há 26 anos, ela não tinha onde plantar, e vivia apenas da ajuda de seus filhos, que já não moravam com ela na roça. Quando começou a freqüentar as reuniões da associação, decidiu plantar suas hortas sem, sequer, se importar com o fato de que não possuía terra cultivável, apenas um quintal constituído de pedras. “Carreguei terra de outros locais para fazer as hortas em cima das pedras. Até cenoura já cultivei”.
Hoje, Genilsa possui pouco mais de meio hectare de terra, doado por um agricultor da região, e sua vida ficou mais fácil. Produz azeite de dendê, corante de urucum, além de hortaliças diversas e aipim. Ou seja, processa matérias-primas e agrega valor ao coco de dendê e ao urucum, entre outros produtos, aumentando sua renda. “Crio dois netos, meus filhos ajudam, mas a venda ao PAA me garante a renda de que preciso para levar uma vida com dignidade, ganhando meu próprio dinheiro”.
Ceplac
O processo de fortalecimento da Associação da Pedra Lascada tem apoio da Ceplac, órgão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que é quem garante a assistência técnica e fiscaliza a execução do projeto do PAA. “Acompanhamos a associação no seu dia-a-dia, orientando e ajudando na resolução das demandas, além de garantir assistência técnica rural aos associados, estimulando a diversificação de culturas e a integração com a comunidade local”, afirma o chefe do Escritório Local de Barro Preto, José Carlos Silva Santana.

Fonte: Jornalista da Sueba - Superintendência da Ceplac na Bahia
Domingos Matos

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