domingo, 18 de setembro de 2011

Alunos vão à escola pela alimentação e pela bolsa-escola

Escola pública não prepara alunos para seguir 
adiante porque não tem conteúdo nem recursos necessários, ou seja, faltam condições para resolver uma série de questões. A opinião é da pedagoga Maria da Glória Sodré Rocha (foto), ao comentar o péssimo desempenho do ensino fundamental na escola pública. gloria
      
A avaliação, feita com 6 mil alunos na Prova Brasil, constatou que mais da metade não sabe ler nem escrever no final do fundamental, uma realidade que segundo a especialista, já vem sendo observada há anos. O resultado é que o aluno sai para o ensino médio sem nenhuma bagagem.
      
Para a professora, faltam incentivo, formação continuada e subsídio para o professor. “Isso se deve à maneira como o ensino está organizado, é um processo frouxo”. Glória diz que existem três tipos de recuperação por ano, mas não focam a avaliação do processo qualitativo do aluno, só a nota.
      “O processo do ensino fundamental está muito distante do aluno, não há incentivo para a leitura e não existe formação de leitores nas séries iniciais, o que termina dificultando sua trajetória lá na frente. Ele chega no ensino médio sem saber interpretar um texto básico”. 

      O resultado na maioria das vezes, segundo Glória, é o abandono dos estudos a partir do ensino médio, quando o cerco aperta e as exigências são requeridas. Como eles estão despreparados, muitos saem da escola, sem ao menos chegar á universidade. 
Meio familiar 
      Outra questão que segundo ela influencia no péssimo desempenho do aluno é o meio em que ele vive. “Se ele é acostumado num universo letrado, tem contato com a cultura da leitura, suas chances são maiores do que aquele que está distante dessa realidade”.
      A especialista diz que, nessa avaliação negativa, o professor é réu e vitima do sistema. “Ele não pode repensar o currículo e a sala de aula ao mesmo tempo”. 

      A professora primária Iara Gomes Matos concorda com a pedagoga, ao defender o professor. Para ela o problema existe na base, na estrutura e na própria família. O professor muitas vezes cria algo novo, diferente em sala de aula, mas não há receptividade por parte do aluno.
      “Infelizmente, também são poucos os professores que se entregam nessa missão de educar. E mais lamentável ainda é saber que muitos dos alunos vão à escola mais pela alimentação e pela bolsa escola do que pelo desejo de aprender”. 

      Para a professora Maria Efigênia Oliveira, os números críticos do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IdeB) na Educação já eram previstos por educadores preocupados com a mobilidade social, com o desenvolvimento do indivíduo, o avanço da Ciência e da Tecnologia nas últimas décadas. 

      “Avanços, aliás, importantíssimos para a formação de gerações civilizadas, livres das viseiras que tanto nos embotam o entendimento”.

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