segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

O papel das secretarias de educação na interação família-escola

Postado por Blog da Mobilização
  


Vem crescendo o reconhecimento por parte das secretarias de educação da importância da interação família-escola e dos benefícios que ela traz para todos: escola, família, alunos. A cada dia novas secretárias têm aderido ao plano de mobilização social pela educação, como atestam as inúmeras iniciativas registradas neste espaço. São novas abordagens junto às famílias, visitas dos professores às casas de seus alunos, realização de oficinas de capacitação na mobilização para os profissionais de suas redes, lançamentos públicos do plano , impressão e distribuição da cartilha "Acompanhem a vida escolar de seus filhos". As secretarias têm sido solicitado, também, orientações que as ajudem na mobilização das famílias de seus estudantes e das comunidades do entorno da escola.

Para apoiar essas orientações e compartilhar preocupações sobre como promover a interação família escola, iniciamos hoje a postagem de um conjunto de pequenos artigos com reflexões sobre vários pontos. Essas reflexões partem da revisão de estudos realizados, assim como da experiência de três anos de trabalho dos voluntário da rede de mobilizadores.

Conheça algumas das experiências de secretarias de educação que fazem parte da rede de mobilização social pela educação. Clique aqui.

A interação família escola é um tema que tem sido tratado com freqüência por especialistas em vários países. No Brasil, diversos autores têm tratado a questão desde o final da década passada, todos eles convergindo para a necessidade imperiosa de se promover essa parceria para garantir melhores resultados educacionais. Os estudos e pesquisas sobre o assunto mostram que o envolvimento das famílias na educação de seus filhos e dependentes tem trazido uma série de benefícios para os estudantes, como melhor na capacidade de leitura, níveis mais altos de desempenho, maiores habilidades sociais e comportamentais e o aumento da probabilidade de conclusão do ensino médio. As crenças, atitudes e valores dos pais em relação às práticas educacionais, assim como uma boa comunicação casa-escola, contribuem decisivamente para o sucesso do aluno. 

Professores, gestores e funcionários das escolas têm papel decisivo na participação da família na vida escolar dos filhos e dependentes. Papel reconhecido pela Lei de Diretrizes e Bases, que aponta em seu Art. 12º. que, entre outras, os estabelecimentos de ensino, têm a incumbência de articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola. E que devem, também, informar os pais e responsáveis sobre a freqüência e o rendimento dos alunos, bem como sobre a execução de sua proposta pedagógica.

No entanto, as escolas, em geral, têm resistido a essa aproximação por várias razões. Muitos professores e gestores acreditam que a presença dos pais na escola atrapalha a rotina e cria problemas. Dizem que para isso já existem as reuniões periódicas, ressaltando que, nessas ocasiões, poucos aparecem. Além disso, consideram que a questão pedagógica não diz respeito a leigos e discuti-la com a família acaba tirando a autoridade e enfraquecendo o papel da escola. Com esses, e outros argumentos, acabam por dificultar tal participação.

As famílias – em especial as que têm filhos e dependentes na escola pública - por sua vez, também não percebem a importância de sua participação para melhorar o desempenho dos seus e os da escola em geral. Na sua quase maioria pouco escolarizados e tendo tido muitas vezes uma experiência desagradável durante sua vida escolar, comparam a “escola de seu tempo” com a de agora. Há relatos de pais, avós, tios dos estudantes atuais apontando a dificuldade para conseguir vaga, a distância que tinham que percorrer para chegarem a tempo do início das aulas, a falta de material didático e muitas outras situações que acabavam por inviabilizar a continuidade dos estudos. Hoje, ao constatarem vagas garantidas para todas as crianças de 6 a 14 anos, livro didático, merenda, transporte, laboratórios de informática, pensam que está tudo muito bom. Pior, confundem esse direito com benefício que não podem perder. Como chama a atenção o ministro Fernando Haddad, temos que mostrar a essas famílias que, para além de todas essas melhorias, o estado tem também o dever de fazer o aluno aprender. Esse é um direito que as famílias devem cobrar. E que é nossa responsabilidade mostrar-lhes isso.

Coloca-se, então, o seguinte ponto: como convencer as escolas e as famílias de que todos têm a ganhar com a interação? E mais, como lidar com as famílias, em grande parte em estado de grande vulnerabilidade social?

Tais questões serão abordadas nos próximos artigos.

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